domingo, 22 de novembro de 2009

Repensadores, mais do que um repensar, um reaprender a trabalhar

Conheci Otávio Dias, quando ele estava quase começando com nossa querida amiga comum, Beatriz Freitas dona e idealizadora da pioneira Zest, uma das principais agências de marketing direto do país na sua época. Isso era provavelmente 1994. Quando abri a Behavior, a Zest foi um dos meus primeiro clientes e, visionária ou louca, comprou dois dos serviços que demoraram muito tempo a decolar: o Vôo de Águia e a segmentação Estilos & Estágios.


O primeiro consistia num encontro quinzenal com toda equipe na qual ajudava a 'ampliar a visão sobre o todo' trazendo informações correlacionadas que tinham a pretensão de 'oferecer outros pontos de vista'. O segundo foi um dos trabalhos mais profundos que realizei durante aproximadamente 2 anos, observando e estudando os valores, atitudes e comportamentos do brasileiro, para aplicar nele, de forma genérica, uma segmentação por estilo e estágios de vida. Esse modelo até hoje me pauta nas minhas análises.



Dessa época pra cá, Otávio e eu fomos seguindo nossos caminhos mas sempre nos cruzando, reflexo da consciência que somando experiências conseguíamos ir mais longe. Acredito que seja por essa crença de troca, que Otávio decidiu criar a rede Repensadores. Originado a partir da revista Think & Love (www.thinkandlove.com.br) essa rede começou timidamente convidando algumas pessoas a escrever no encarte veiculado junto com a revista. A rede foi tomando corpo ao ponto de haver a necessidade de extrapolar a colaboração na revista e se tornar de fato uma rede na qual a troca e soma sejam amplas e verdadeiras. 


No nosso último encontro, Alexandre Sayad, também repensador, disse algo que me fez refletir: numa rede como a nossa de "gaviões e não de andorinhas" o trabalho colaborativo, se rico por um lado, por outro exige de todos nós mais esforço para funcionar. Concordo plenamente. Hoje se fala muito no trabalho colaborativo, evolução do termo 'parceira', mas poucos conseguem colocar esse desejo em prática. Para mim uma das dificuldades que percebo é o desejo ainda muito latente nas pessoas pela Autoria para o Reconhecimento. Só que num grupo de 'gaviões', no fundo, não há um líder, mas todos os são, o que implica que soltada um idéia, cada um vai fazendo sem muito comando, e o resultado, se não teve a forma prevista, com certeza é - ou deveria ser - maior do que o resultado oriundo duma liderança guiando os outros.


Para isso deixar feliz o grupo, deve se abrir mão da liderança sobre os outros e da idéia que a forma prevista por nós é a melhor. É claro que é importante que haja sintonia para que a improvisação dos 'músicos' gere uma orquestra exuberante e melodiosa. O que na prática, não é fácil porque até a forma como somos remunerados, tem a ver com a autoria do líder. Teremos que quebrar muitos paradigmas ainda para agirmos de fato colaborativamente em todos os campos.


Otávio sabe disso, e corajosamente está tentando: abriu espaço para a rede Repensadores no HSM ExpoManagement 2009 onde todos nós da rede, estaremos palestrando dentro do auditório Repensadores (veja conteúdo e calendário no www.repensadores.com). 


A Behavior estará presente apresentando o case: Essência Corporativa O Boticário. Pensando na platéia convidei Andrea Mota, Diretora de Mercado do Boticário, para fazer dobradinha comigo no palco e poder trazer um conteúdo mais profundo e abrangente para quem for nos assistir. Novamente o pensar colaborativo em busca do melhor, porque a única forma de aprender é fazendo.


Espero vocês lá!


Serviço: 
HSM ExpoManagement SP
Auditório Repensadores 
Palestras Rede Repensadores de 30/11 a 02/12.


Palestrantes:
Andrea Mota - Diretora de Mercado O Boticário, e
Nany Bilate, sócia - diretora Behavior
terça-feira, 1 de dezembro das 13h30 às 14h30.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

A decisão que mexe com as pessoas.

Desde que meu marido, Nélio Bilate resolveu sair da Nissan e com isso deixar o mundo corporativo como executivo, tem sido alvo de curiosidade e questionamentos. Foi uma decisão tomada com calma, que levou 2 anos e meio para se concretizar. Portanto, não foi dolorida, abrupta nem gerou nele urticária em relação ao mundo corporativo. Pelo contrário. 


Sem arrependimentos ele sempre fala com carinho de tudo o que viveu e aprendeu.  Temos, é claro, muitos amigos que ainda estão  nesse mundo. E gostamos muito deles.
Mas parece que decisão de deixar o aparentemente certo (salários, benefícios) e principalmente o status (isso sim gera mais surpresa) mexe com as pessoas de alguma forma. Ao ponto dele ter sido entrevistado tanto pela Você SA como pelo programa de televisão Lado H da Fashion TV para falar exatamente sobre isso.


Desde que chegamos em São Paulo após a saída da Nissan, ele tem tido uma rotina de almoços e palestras para falar sobre isso. Por que tanta curiosidade? Creio que se deve a um momento especial que nosso Planeta e nós os seres que o habitamos estamos vivendo: tempo de repensar valores. As crises e problemas atmosféricos e pessoais abrem caminho para esse momento muito rico da humaniade.


Não foi essa nossa intenção quando decidimos (porque sim, é uma decisão de casal e de familia, tenha certeza disso) mudar de vida. Mas se conseguimos ajudar de alguma forma às pessoas e o mundo com isso, que assim seja!


Boa semana a todos.


Entrevista Você SA
http://vocesa.abril.com.br/desenvolva-sua-carreira/materia/senhor-aneis-484742.shtml


Entrevista no programa Lado H da Fashion TV
http://www.youtube.com/watch?v=w_-KPZZrH4Q



segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Qual é a Essência da sua empresa? - by Leonardo Barci

Um amigo, o Leonardo Barci, me enviou esta reflexão sobre a essência nas empresas. Gostei e quero compartilhar com vocês.

"Estive nos últimos dias pensando em um conteúdo para uma matéria para o blog euporummundomelhor.blogspot.com.  Resolvi escolher como tema, a essência das empresas. Descobri que é difícil encontrar uma empresa que pratique o que reza seu contrato social na íntegra.



Escrevo esta matéria enquanto espero o ônibus da companhia aérea que faz o trajeto de Guarulhos até Congonhas. Esta mesma companhia a princípio deveria me levar de volta de São Paulo para Curitiba, cidade onde moro.


Tenho a unidade principal de minha empresa em São Paulo o que faz com que passe boa parte do tempo viajando. Sinceramente não me incomodo de viajar. Faz parte da minha vida como empresário. O que me incomoda neste momento? A dificuldade das pessoas em se lembrarem da essência da empresa. Para iniciar a conversa, enquanto espero, fui buscar o missão e a visão da empresa. Veja você e reflita.



Missão:
Ser a companhia aérea preferida das pessoas, com alegria, criatividade, respeito e responsabilidade.



Visão:
Trabalhar com o Espírito de Servir faz as pessoas mais felizes.



Nossa política:
1ª Regra: O cliente sempre tem razão.
2ª Regra: Se o cliente alguma vez estiver errado, releia a 1ª regra.


Penso neste momento se tudo isto que está “pendurado em um quadro” no website da empresa realmente esta sendo praticado. Pelo fato de morar em Curitiba, sei que é algo natural que um vôo matutino ou noturno sofrer alguma alteração ou problema por conta da meteorologia. Bom, sei que isto acontece desde a fundação do aeroporto. Aliás curiosamente foi este o motivo de ser criado um aeroporto militar no local quando de sua construção original.


Minha pergunta é, por que a empresa não se prepara diariamente para situações como esta que vivo? Parece que é a primeira vez que isto acontece na empresa. Qual a situação que vivo neste momento? O vôo foi cancelado depois do embarque. Estava lotado. Nele estava inclusive todo o time do Atlético Paranaense. Ao descer do avião, recebi a informação que já estava alocado em um vôo no dia seguinte que sairia de Congonhas e não mais de Guarulhos. Soube ainda que as para as pessoas que fizeram o check-in em São Paulo a empresa não arcaria com o custo do hotel na cidade.



O que me incomodou e me fez parar para pensar:
- Agora são meia noite, sábado, estou voltando de um congresso interno de nossa empresa. Ainda estou no aeroporto buscando uma forma de encontrar uma cama confortável. Naturalmente estou cansado e adoraria estar em casa


- O ônibus que me levaria para Congonhas não está no local marcado. Fui “barrado” de entrar em um ônibus que fará o mesmo trajeto mas leva neste momento a tripulação com pouco mais de 10 pessoas a bordo. O restante dos lugares está vazio.



- Não há ninguém da empresa por perto para dar informações.



- Não há ninguém que tenha me indicado o local mais próximo para dormir. Não acho que a empresa seja responsável por arcar com os custos mas acho adequado que me levem para algum lugar para que possa dormir confortavelmente até o dia seguinte.



A despeito de toda a frustração, reflito em tudo o que aconteceu e se as pessoas que fazem as empresas, se lembram sobre a missão, visão e valores.




Conversando com dois amigos da empresa há alguns dias, falamos sobre o que significa Contrato Social. Em minha visão é o acordo que a empresa faz com a sociedade sobre o tipo de produto e serviço que entregará para ela. As empresas só existem para cumprir algum papel social. Sempre.



O segundo termo que conversamos foi “Pessoa Jurídica”. A empresa é em última análise uma pessoa. Representada por pessoas. No caso em que vivo, faltou pessoalidade. O problema é da “empresa” e não mais das pessoas. “Alguém” da empresa irá resolver. Mas esta pessoa não tem uma única identidade. Ela é a soma de várias identidades. Portanto TODOS são responsáveis pela solução. Aliás porque escolheram trabalhar nesta e não em qualquer outra empresa. Deveria ser pela missão.



O que faz com que a empresa cumpra seu “Contrato” com a sociedade? O resgate da essência da sua essência. Aquilo que ela se dispôs a fazer quando nasceu. Aquilo que está escrito em sua missão.



Lembre: Qual a Essência de sua Empresa?".

Leonardo Barci

É isso mesmo, Leo, qual é nossa Essência?

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Quando se criam Alianças

Há palavras que com o tempo vão ficando banais pelo uso excessivo perdendo todo o seu significado. Ao meu ver a palavra Parceira é uma delas. Quando conhecemos a origem da palavras vemos que traz o significado 'entre iguais'. Parceiro vem do latim partiarius, que significa 'igual, semelhante'.
Creio que na prática fica difícil trabalhar plenamente com este significado porque não costumamos considerar o outro igual a nós já que ele é diferente. Costumamos ter dificuldade em aceitar as diferenças e colocar o outro no mesmo nível de nós. Ou ele está acima, ou ele está abaixo. Outro ponto que hoje me distancia desse termo deriva que para considerar o outro 'igual', muitas vezes é necessário medi-lo e costumamos realizar um contrato que estipule a nossa 'igualdade'. Portanto, a nossa Parceria é estipulada por algo externo.
Tenho preferido usar o conceito de Aliança que deriva de Aliar (do latim alligare) e traz consigo o significado de 'reunir, juntar e associar'. Não há comparação, há união. Aliança significa, para mim, um pacto feito entre homens. Para mim, volto a dizer, esse pacto é maior do que qualquer contrato, muitas vezes ele nem é estipulado por contrato, porque o motivo dessa Aliança, são crenças e valores intrinsecos à relação, sabidos e reconhecidos por todos, mas que nunhum papel é capaz de conter.

Aliança para mim, é o que o Dr. Miguel Gellert Krigsner fez com seus franqueados quando começou O Boticário. Aliança, para mim, é o que Artur Grynbaum, atual presidente da indústria, e seus diretores estão fazendo com a nova geração de franqueados e novos franqueados. Aliança que é renovada a cada convenção de franqueados. Vai além do negócio. E todos sabem disso. Qualquer análise que tente descrever em palavras ou gráficos fica pequena perante o que envolve a marca O Boticário com sua rede.

Acredito que Aliança é realizada no plano pessoal. Você pode fazer no trabalho, na comunidade, com a liderança política ou na sua casa, com seu companheiro, companheira. Tenho vivenciado isso com meu marido e faz pouco tempo que me dei conta disso. O que nos une hoje são crenças, são valores compartilhados e o desejo de agirmos em sintonia. O amor, a paixão e amizade fazem parte, sem dúvida. Mas hoje me pergunto se eles sozinhos nós traria tanta união. Não sei.

Além da vida de casal, decidmos exteriorizar nossa aliança de uma outra forma e resolvemos trabalhar juntos e lançamos um workshop: Encontrado a minha Essência (para ser mais feliz). Espero, claro, que dê certo. O que neste momento é importante para mim é mais este passo que estamos dando para um caminho compartilhado sendo parceiros e aliados.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Aproveitar o que se tem

Hoje de manhã decidir meditar no pequeno jardim que tenho na minha casa. Quando abri os olhos após a pausa meditativa fiquei olhando a minha casa e o espaço em que me encontrava. Quando nos mudamos para São Paulo um dos pré-requisitos que tinha para encontrar a nossa casa era que tivesse um jardim por menor que ele fosse. Além de ser um espaço para nosso cachorro também seria a forma de manter contato com o verde. Pois bem, devo confessar que foram pouquíssimas as vezes que usei o jardim.

Tenho pensado muito sobre a abrangência do conceito de sustentabilidade em função de uns textos e materiais que estou trabalhando. A sustentabilidade está bastante associada, principalmente no Brasil, ao meio ambiente e a coleta de lixo. Já se caminha ao entendimento do consumo consciente - ter o que de fato é necessário e não simplesmente acumular bens. Mas esses conceitos são só o início. De forma simples, entendi que ser sustentável abrange todo o que significa existir minimizando o prejuízo dessa existência para contribuir com a sustentação (manutenção) de todo o sistema em que estamos inseridos.

Aproveitar de formas diversas os espaços físicos é uma forma de ser sustentável. Claro que ir ao Parque Ibirapuera meditar, tem um sentido maior, pelo próprio ambiente. Mas nem sempre há tempo para esse deslocamento e ele implica, necessariamente, no meu caso, usar o carro (mais gasolina, contribuo com piorar o tránsito, etc). Usar meu jardim é uma forma de aproveitar para outros fins o espaço já existente. Agora ele não é só um lugar onde temos nosso pequeno ervário, nem somente o local para nosso cachorro ter algum contato com a grama, mas também ele é o local onde posso trabalhar (viva o wireless!), meditar, ter reuniões (sim sejam virtuais ou reais) ou simplesmente descansar.

Quando decidi trazer a Behavior para um espaço disponível na minha casa e desenvolver meu trabalho no sistema de home-office, o sentimento de perda foi grande. O escritório te dá uma dimensão de grandeza e de sucesso. E não só para você mas também para os outros. Mas agora quando vejo a janela do meu escritório desde meu jardim me pergunto: como podia me dizer sustentável naquela época, se hoje continuo fazendo o mesmo ocupando menos metros quadrados, gastando menos gasolina e tantas outras coisas que fui otimizando?

Deve haver um motivo pelo qual acostumamos a não usar tudo aquilo que possuimos, sejam espaços físicos ou objetos. Por algum motivo os temos, mas por algum outro motivo ficam ai armazenados a espera da ocasião certa que talvez nunca chegue. Uma coisa estou aprendendo a cada dia, todo dia se pode ser mais sustentável. É só olhar em volta no nosso pequeno mundo e se abrir a novas formas de viver a nossa vida com as mesmas coisas e nos mesmo lugares.



domingo, 21 de junho de 2009

Essência Corporativa, um caminho para continuarmos sustentáveis (artigo publicado na Think&Love deste mês)

Antes de qualquer coisa, para quem estranhou o título do artigo, a resposta é sim, nós somos sustentáveis. Se não, não tivéssemos chegado até aqui. O desejo e instinto de preservação da nossa espécie estão em nós. A nossa Essência é sustável por natureza e por origem. O que levou ao comportamento autodestrutivo que temos demonstrado pelo menos no último milênio, provavelmente tenha sua origem na perda da compreensão do elo que temos com o Sistema que nos rodeia. E como esse Sistema se retroalimenta, permitindo a sobrevivência dele próprio. Quando decidimos dividir, partir, segmentar (atenção às segmentações de mercado!), para melhor estudar, entender e focar, em algum momento do nosso processo evolutivo, esquecemos o Todo. A Parte se tornou mais relevante do que o Todo. Ainda, a hierarquização desses pedaços em que dividimos o Todo, contribuiu em muito, a essa perda de significado de nossa existência, do nosso papel dentro do Sistema e dele na nossa vida.

A nossa Essência, além de sustentável, é solidária. Através dos tempos fomos desenvolvendo um valor moral para a sustentabilidade de nossa espécie. Além de cuidarmos pela preservação dela - ou talvez por conta disso - fomos criando um vínculo de responsabilidade com a espécie humana. A solidariedade é o “sentido moral que vincula o individuo à vida, aos interesses e as responsabilidades dum grupo social, duma nação, ou da própria humanidade” nos lembra o Aurélio. Portanto, há muito tempo a solidariedade também faz parte da nossa Essência. Talvez ela se confunda com o instinto de preservação de uma espécie. O importante aqui desse raciocínio, é que a solidariedade faz parte da moral humana. Está na sua Essência.

Todos nós costumamos nos sentir bem quando realizamos um ato nobre. Quando realizamos um ato belo oriundo da ética do bem comum. Quem já experimentou a felicidade proveniente da vaidade - cuja força radica no reconhecimento do outro - e a felicidade proveniente do orgulho que sentimos de nós mesmos quando atuamos coerentes com nossa essência solidária, conhece a diferença entre esses dois estados de felicidade e sabe o quanto o segundo é mais duradouro, gera estabilidade, segurança e firmeza do que o primeiro.

Quando solicitam à Behavior, pesquisas de mercado que provem que os consumidores pensam nas empresas que divulgam ações de sustentabilidade para decidir suas compras, costumo dizer que optar por investir neste tipo de ações, antes de qualquer coisa, vem de uma decisão moral. Ela é interna. Ou se tem esse vinculo desenvolvido com a espécie humana e com o Todo, ou ele está subjacente, embaixo de outras crenças e valores. Acredito que umas das causas para esse vínculo não estar tão evidente, e por isso ser muitas vezes relegado, tem a ver com a perda da noção sistêmica do Todo.

Vários movimentos têm ajudado a trazer de volta a visão sistêmica às corporações. Pensar categorias de produtos distantes das nossas, como concorrentes indiretos que ‘dividem’ o bolso do nosso público; a inserção de processos nas corporações ao invés da visão departamentalizada da execução de projetos, são alguns dos exemplos. Com o tempo estamos retomando a compreensão de que a soma das partes, quando trabalhadas isoladamente, não é igual ao Todo. Um dos problemas da divisão é que temos tendência a hierarquizarmos as partes. O que imediatamente torna com maior valor algumas e com menos valor outras. Com o tempo tendemos a desprezar aquilo que menos valorizamos e quando decidimos juntar todas as partes novamente, algumas ficaram mais desenvolvidas e outras foram atrofiadas. Evidente que o Todo, já está afetado. Num sistema, todas as partes são retroalimentadas de tal forma que mantenha o sistema operando perfeitamente.

Com o tempo, a retomada da visão sistemática trará compreensão e virará prática constante dentro das corporações. A partir deste ponto a entender que todo o planeta Terra é um sistema e que nos somos uma parte dele - só uma parte -, pode ser um pulo. Quando isso acontecer, compreenderemos claramente que as matanças que estão acontecendo num ponto distante da África, têm a ver conosco sim. Que o degelo da Antártica e as chuvas torrenciais nas nossas terras, têm a ver conosco sim.

A Essência Corporativa é um caminho de volta a si mesmo, à nossa natureza solidária e nobre, e conseqüentemente sustentável. A Essência precede a empresa e a marca construída. Talvez ela não esteja sendo exercida com todo seu potencial. Talvez a Identidade de Marca, que é o exercício dessa Essência, por inúmeras circunstâncias não esteja mostrando toda a sua força. Mas ela está lá. É o etos que mantém a empresa e sua marca vivas. Num segundo momento a Essência Corporativa ajuda à compreensão do sistema ao qual estamos inseridos e ajuda a escolher o melhor caminho para contribuir com o mundo.

Na prática o projeto Essência Corporativa da Behavior tem como objetivo ajudar os decisores das corporações e marcas a (re)descobrirem sua vocação original e verdadeira e seu propósito de existência. A metodologia que utilizamos chama-se Despertar para Si que é um caminho simples e singelo de auto-reconhecimento. Essa Essência costuma estar além dos desejos, das intenções, dos planejamentos e dos mercados-alvo. Além do que os stakeholders valorizam ou deixam de valorizar. Ela é interna. Nosso trabalho é ajudar a que Ela venha à tona de forma clara e contundente. Quando vem deste modo a sua disseminação é rápida porque faz sentido. E é através dessa Essência Corporativa que a marca poderá encontrar a sua melhor e mais eficiente forma de contribuir com o mundo. Obtendo assim reconhecimento duradouro porque, num período no qual estamos cada vez mais nus graças à força que as mídias, ainda consideradas ‘menos nobres’ pelo mercado, estão exercendo sob nós, atacar aquilo que é verdadeiro e autêntico, fica mais difícil.


(Re)encontrar sua Essência é voltar a sustentabilidade como Ser e não como uma estratégia, como uma ação, como um apêndice que cuida das coisas ‘nobres’. Ou se é nobre ou não se é. Ou se é sustentável ou não se é. Podemos ter mais ou menos nobreza, sustentabilidade e solidariedade dentro de nós. Mas elas fazem parte do nosso Ser. Eu acredito, profundamente, que independente da quantidade, há vontade. Costumamos confundir o exercício (formas) desses sentimentos com sermos ou não sermos. Enquanto as corporações segmentarem, dividirem, criarem departamentos ou institutos e fundações para cuidarem da sustentabilidade e a solidariedade como um apêndice, sem se preocupar no exercício de Ser sustentáveis e solidários, de promover esses sentimentos internamente, dificilmente haverá reconhecimento por longo prazo. Porque faltará integridade. Faltará coerência, congruência. Ao promover a sua Essência, a corporação estará se protegendo de contradições, de ações que venham a ser executavas com a melhor das intenções mas que pouco somam e, muitas vezes, constroem telhados de vidro sob a marca.

Concluímos recentemente o projeto Essência Corporativa com O Boticário (veja o case no site da Behavior www.behavior.com.br). Conversamos com o fundador e atual presidente do Conselho Administrativo, o Dr. Miguel Gellert Krigsner, promovendo o auto-reconhecimento através do relato de sua história, dos motivos que o levaram a criar O Boticário, analisamos as decisões tomadas ao longo da história da empresa, a visão de futuro da marca e o questionamos sobre seu propósito de vida. Com o atual presidente, Artur Grynbaum, braço direito, parceiro e amigo há mais de vinte anos do Dr. Miguel e que o ajudou a tornar essa marca a potência que ela é, trabalhamos além desses temas, os planos futuros e a visão do negócio.

Conduzidos pela Andrea Mota, diretora nacional de marketing e vendas, entrevistamos diversos stakeholders que nos permitiram alinhavar a Essência dessa marca. Com todo o cuidado que um projeto dessa natureza exige, trabalhamos delicadamente as questões mais difíceis, as crenças arraigadas que não se comprovavam. Conseguirmos, ao final, um resultado que se provou verdadeiro não só pela receptividade que obteve, o orgulho despertado, mas pela sensação causada nas pessoas de terem sido elas que criaram esse raciocínio. É claro que foram elas. Se não, não seria a Essência Corporativa do O Boticário. Considero que seja esse o efeito que o re-encontro consigo mesmo deva gerar.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

O Universo Responde: "O Senhor dos Anéis"



Terça-feira, 09 de junho, meu marido antes de dormir me disse, num tom quase de oração, que esperava que desse tudo certo. Naquele dia ele tinha sentido uma profunda alegria ao ouvir duma pessoa que está fazendo coaching com ele, uma bela descoberta sobre ela própria. Emocionado me confidenciou que queria muito sentir isso novamente. Que ele desejava profundamente poder ajudar mais pessoas a encontrarem seu caminho de fecilidade através da união do labor com seu propósito de vida.

Num misto de alegria, orgulho e apreensão foi dormir. Ao dia seguinte, na quarta-feira 10 de junho ele estaria deixando a presidência da Brands, uma holding de empresas digitais. Por opção, novamente, estava abrindo mão da segurança do emprego para dar continuidade a esse encontro com ele mesmo, movimento que vem fazendo há alguns anos. No final da quarta-feira ele estaria livre para se dedicar a ajudar pessoas, preferencialmente do mundo corporativo, encontrarem um caminho de profissão que alegre as suas almas.

Embora tivesse alguns contatos, ainda havia um mundo a descortinar. O sentimento que se tem nesses momentos, mesmo que seja por poucos minutos, é de pequenez perante a imesidão. Por onde começar? quanto tempo vai levar para me re-organizar? Como vou conseguir meus novos clientes?

Nós acreditamos profundamente na força do Universo. Confiamos que quando desejamos ser melhores e agimos com honestidade em direção a esse desejo, o Universo responde positivamente. E para nós, Ele respondeu: na mesma quarta-feira 10 saiu a Você SA. Na capa uma chamada para uma reportagem sobre meu marido. "O Senhor do Anéis" conta a história profissional dele e sua decisão de deixar o mundo corporativo para ser mais feliz (http://vocesa.abril.com.br/).

É claro que ele sabia que essa entrevista tinha sido realizada mas quem conhece o mundo da imprensa sabe que matérias atemporais podem ser adiadas. Há milhares de possibilidades para essa coincidência ter acontecido. Cada um fará a leitura que desejar.

Mas o motivo para querer compartilhar essa história neste blog é dizer que é fundamental ter Fé para conseguir chegar a nós mesmos. É ela que nos segura num momento insegurança. Sem ela decisões como as tomadas pelo meu marido dificilmente são tomadas porque elas simplesmente perdem o time adequado.

Escolha a sua crença e tenha Fé. Confie. Acredite. Mesmo que o faça aos poucos, vá exercitando a entrega. Abrindo mão do controle. Realmente creio que se o fizer de coração, ela irá crescer dentro de você.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Essência Corporativa O Boticário

Hoje consegui colocar no ar o hotsite Case Essência Corporativa O Boticário (www.behavior.com.br) que aborda o trabalho que venho realizando junto com meu cliente - parceiro O Boticário. O Hotsite serve também para comemorar os dois anos de reposicionamento da minha empresa, a Behavior.

Quando decidi trabalhar com algo que estivesse em alinhamento com meu Ser, com aquilo que 'alegra' a minha Alma, uma das primeiras pessoas as quais comentei meu desejo foi o Artur Grynbaum, meu amigo de longa data que naquele período - março de 2007 - ainda era vice-presidente do O Boticário.

Foi um papo de amigos e de trocas. Com seu ponto de vista pragmático, o Artur é uma das pessoas as quais gosto de ouvir. Saí de nosso encontro com a sensação de estar certa do que queria mas que seria difícil entrar nas empresas porque era claro que o que estava me propondo a fazer não estava na agenda corporativa. Para piorar ainda não tinha a forma como isso poderia acontecer. Só sabia que queria ajudar as empresas a se relacionarem melhor com seus stakeholders através da empatia, sabia o que fazer, mas não sabia como fazer.

Dias depois, num encontro com meu marido, Artur comentou o "quão corajosa eu era". Meu marido, meio orgulhoso, meio assustado me disse que era muito lindo direcionar a Behavior para esse meu desejo, mas queria saber se isso ia significar que ele iria me manter de ali para frente...

Brincadeiras a parte, sem dúvida não tem sido fácil, mas tem sido maravilhoso. O Boticário foi o primeiro cliente, que de fato, foi se envolvendo nessa forma diferente de trabalharmos relacionamentos. Sempre inovadores, logo que lancei o novo posicionameno da Behavior Andrea Mota, diretora do O Boticário, por iniciativa própria me chamou para conhecer melhor a idéia e me convidou a fazer o primeiro projeto que se tornaria o início da Essência Corporativa.

Junto com eles fui encontrando a 'forma' de colocar em prática o que desejava. Tenho me dedicado muito aos projetos do O Boticário porque é uma empresa a qual tenho um profundo carinho e respeito e porque sabia que junto com eles conseguiria concretizar o meu propósito de vida no trabalho. Deu certo. Sou muito grata.

Faz poucos dias disse ao Artur que sim sou corajosa, mas sem dúvida eles são bem mais!

sexta-feira, 27 de março de 2009

Out of the scene

Hoje tive mais um encontro com uma amiga. Novamente a questão: mudança. Neste caso a decisão já está tomada, ela decidiu sair da consultoria em que trabalha há 8 anos para tentar a carreira solo. Sendo que neste vôo ela pretende dividir melhor o seu tempo com uma nova responsabilidade: os gêmeos que vieram de surpresa para movimenta-la 'levemente' e tirá-la da zona de conforto.

Novo momento, novos papéis, novos desejos e descobertas. Fiquei feliz de vê-la decidida a começar numa outra situação, out of the scene, como ela mesma denominou. Aliás fiquei feliz em vê-la mais doce e menos 'armada', mais disposta a conhecer outros territórios dela mesma.

Já pararam para pensar como esse 'estar fora de cena' esta se tornando uma 'dimensão' tão grande que está deixando de ser paralela? Talvez tenha começado com pessoas em vias de aposentadoria ou profissionais demitidos, além é claro daqueles que sempre quiseram ser anti- establishment. Mas agora eu tenho conhecido pessoas que com uma carreira em destaque, por opção (isso mesmo, opção) estão ficando fora do palco.


Pergunto-me por quê? Creio que tem a ver com o palco para onde os holofotes ainda estão focados. Creio que os valores que regem esse ambiente já não estão fazendo mais sentido. Porém, voltando do almoço parei para pensar que se o volume de pessoas que migrarem para fora do palco for crescendo, devemos pensar na possibilidade que um novo palco irá se montar - se não se montou ainda - e que as regras antigas, aquelas que nos fizeram sair, poderão se re-estabelecer.


Por isso, creio eu, é importante querer mudar de dentro para fora. Claro que o ambiente incentiva ou inibe nossos lados luz ou sombra. Mas, estar bem claro dentro de nós o que não queremos mais e sobretudo quais mecanismos nos mantinham presos ao velho palco, considero fundamental para ficarmos lúcidos em relação ao palco que estamos criando.

quarta-feira, 25 de março de 2009

O que faz você arrepiar?

Acabei de vir de um almoço de amigas e novamente um assunto se estabelece na mesa: muito por causa da crise econômica, as pessoas estão buscando caminhos alternativos para driblar a crise. O que me chama a atenção é que invariavelmente nesses meus almoços e cafés, vejo que fazem isso pensando no que o mercado faz, no que ele compra, ficam raciocinando encima de seus talentos, histórico profissional. Alguns buscam se agilizar no conhecimento de tendências, de áreas que pouco conhecem, tentando se atualizar, pensando que será em um desses novos territórios que encontrarão a resposta do que os deixará Felizes e Prósperos (aliás esses dois desejos juntos, que são o grande desafio).

Um do conceitos que tenho trabalhado dentro da Behavior é a Essência Corporativa (postagem 09/02/09) que nada mais é do que ajudar a empresa a Despertar para Si. É contribuir para seu Autoreconhecimento e, somente a partir desse entendimento, olhar para fora.

O trabalho é pessoa jurídica mas a metodologia é pessoa física. Para mim marca e corporação são pessoas, seres humanos. Por isso trabalho com as pessoas que fazem essa organização funcionar e existir, para tentar descobrir com elas o que, como diz Roberto Crema, faz a alma delas arrepiar.

Voltando ao meu almoço, fiz essa pergunta a minha amiga: o que te faz arrepiar? o que deixa você feliz? pensa nos últimos cinco anos de tua vida e me responde: quais foram os momentos mais felizes que você lembra?

Pense sobre isso. Garanto que nessas lembranças está o ponto de partida para atingir com sucesso a sua Felicidade e sua Prosperidade.

Somente a partir de nosso Despertar para Si, do nosso Autoreconhecimento que poderemos de forma original e autêntica, nos mostrar para o mundo. Só existe você igual a você neste mundo. Acredite nisso. E sobretudo, tire proveito disso!

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

O desapego as formas

Há um ano e quatro meses chegamos em São Paulo decididos a recomeçar nossas vidas. Foi uma decisão que até hoje nos dá muito orgulho (Início na postagem http://euporummundomelhor.blogspot.com/2007/07/um-exemplo-de-hombridade.html). Mesmo assiduos em São Paulo, no dia-a-dia tudo era novo: a casa, o escritório, as pessoas, a padaria, a manicure... essa oportunidade de 'começar de novo' e tentar novos caminhos sempre me fascinou o que tornou tudo mais agradável apesar das dificuldades.

Me considero uma pessoa aberta a mudanças e, com os anos creio que fui conseguindo me preocupar mais em seguir minha 'voz interior' do que em seguir a opinião dos outros. Foi por isso que em dezembro passado me surprendi quando senti muito uma nova mudança: abrir mão do escritório comercial e partir para o modelo homeoffice.

Há anos que venho modificando a forma de prestar serviços. Na minha área é comum tercerizar, mas mantive, embora reduzidamente, uma pequena equipe para me auxiliar e me assessorar tanto no plano pessoal como profissional. Com a vinda a São Paulo, meu marido e eu decidimos abrir mão de um staff doméstico partindo para o que consideramos o realmente necessário. A idéia era simplificar sem abrir mão da praticidade. Na Behavior, minha empresa, não foi diferente, abri o escritório só com uma pessoa que cuidasse do administrativo-financeiro. Tive um período que contei ainda com uma secretária porém o modelo de uma pessoa para me auxiliar se mostrava razoável.

A idéia de contar com um staff era ocupar meu tempo em assuntos mais 'relevantes' e que me rendessem mais financeiramente. Mas o que descobri quando abri mão do modelo é que o staff tem também outros significados. Para os outros, é uma demostração de teu sucesso. O que sob alguns aspectos não está equivocado. Para mim, e ai que creio que foi onde me pegou, além de tornar meu dia-a-dia mais prático, também significava sucesso. Me sentia bem dizendo que tinha um escritório comercial, que tinha uma empresa com funcionários. Para me sentir aceita dentro de um formato social que é considerado 'sucesso' pagava literalmente por isso.
As pessoas que trabalharam comigo me ajudaram e muito. Não é essa a questão, mas o que venho descobrindo aos poucos é que para sustentar a sua função elas e eu criavamos mecanismos que as mantinham ocupadas e que hoje não fazem nenhuma diferença: planilhas e mais planilhas de controle, equipamentos 'necessários', fornecedores que davam suporte. Em fim uma máquina para sustentar e justificar a existência da própria máquina. Tudo isso para quê?
Logo depois de entender o que tinha acontecido participei de um jantar no qual praticamente todas as pessoas as quais comentei que montei um homeoffice me olhava com certa pena por ter tentado e não ter conseguido. Todos sentiam o meu fracasso. Esse jantar me ajudou em compreender que o sucesso e a vitória podem ser coletivos, e nesses casos sempre serão regido pelo establishment que nem sempre atende a tua alma e teu sentido de vitória. Naquela noite eu me sentia muito vitoriosa por ter tido a coragem de não continuar com um modelo que não me dava retorno. De dar alguns passos atrás, publicamente.
Nada impede que no futuro abra novamente um escritório comercial fora de casa. É fato que o escritório que montei, no seu formato, não estava valendo a pena. Poderia manté-lo por mais um ano mas tive a sorte de contar com um marido que me abriu a possibilidade de novos modelos. O que é importante para mim, e é isso que gostaria de compartilhar, é a reflexão de quanto gastamos de recursos, de todos os tipos, para manter formas aceitas socialmente mas que não somam muito, não nos trazem grandes benefíciso a não ser as pessoas nos considerarem vitoriosas. Mesmo que em casa, você saiba que isso é falso.
Cada um de nós paga os preços que deseja pagar. É sempre uma questão de escolha, mas sempre lembrar que a vida é nossa.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

A Essência Corporativa como estratégia num mundo digital

Quando se começou a falar com ênfase em Marca há décadas atrás, a idéia era tomar consciência da persona que a empresa e seus produtos e serviços representavam. Ao conhecer a persona e sua conseqüente personalidade podia-se identificar os gaps existentes entre o desejado pela empresa e o que era percebido pelos stakeholders. Para trabalhar esses gaps foram criadas metodologias e estratégias dando origem ao hoje conhecido Branding. O resultado de um bom trabalho de Branding deveria gerar alto reconhecimento e aprovação que conseqüentemente promoveria maior consumo dos produtos/serviços da marca. Assim quanto mais se fazia Branding mais era necessário se aprofundar no entendimento do que os stakeholders entendiam, queriam e, no caso dos clientes, o que os movia para o consumo. Bingo! Armou-se o alçapão pelo qual, muitas empresas têm se distanciado daquilo que as torna originais.

O simples raciocínio acima apresentado ajuda a demonstrar que o olhar para fora, tão fundamental para a sobrevivência das empresas, às vezes tem encoberto e ajudado a esquecer a personalidade da própria empresa. As características que, se isoladas podem parecer comuns, quando juntas tal qual um efeito alquímico, tornam a empresa única. A essa junção de características a Behavior tem chamado de Essência Corporativa. O objetivo da Essência Corporativa é achá-la, defini-la e com isso ajudar a empresa a se auto-reconhecer. Pela experiência, quando isso acontece, a Essência Corporativa se fortifica já que ela é natural e intrínseca. Sua aceitação e apropriação costumam acontecer de forma rápida e delicada.

Os problemas acontecem quando a empresa não consegue se enxergar como ela realmente se mostra. Esse distanciamento entre a realidade percebida por todos e a auto-imagem é o momento mais delicado do processo e exige disposição para abrir a possibilidade de estar nem que seja parcialmente errado. Mas superada essa etapa, a Essência Corporativa se torna um instrumento poderoso de posicionamento estratégico e mercadológico. Por ser real e verdadeira, ajuda a tornar a empresa integra e plena. A Essência Corporativa é briefing para todas as estratégias, inclusive de Branding que pode explorar, ai sim, olhando para fora, o melhor que pertence à empresa e que é amplamente desejado pelos seus stakeholders. A partir da Essência Corporativa as ações vão se tornando naturalmente congruentes evitando ruídos e desencontros. Nada é mais forte do que a verdade.

Essa simples estratégia de olhar para si, para partindo desse ponto assumir-se e posicionar-se – etapa normalmente realizada nos diagnósticos mas nem sempre devidamente valorizada – é uma poderosa arma para o momento atual em que a comunicação da marca se esvaíra do todo poderoso controle das estratégias de branding. Na era do YouTube a marca é pública como nunca foi antes. Ela é de domínio público.

Quem acreditava que os movimentos das corporações comprando empresas e marcas, mesmo concorrentes e com posicionamentos conflitantes, não eram de interesse da grande maioria, não se enganou. É pouco provável que as incorporações, os movimentos no mundo dos negócios sejam fatores de interesse das grandes massas. O que interessa, e isso torna público todo o resto, é a ‘pegadinha’; é confrontar os grandes discursos, sejam eles quais forem, com os fatos. É desconstruir as grandes personas para tentar se chegar mais perto. É humanizar o intocável, quem sabe para poder crescer com um mito mais próximo.

Jovens e não tão jovens – e isso é o interessante porque não é só a ‘próxima geração’ – estão cada vez mais conectados nas suas redes sociais, assistindo e criando vídeos, vendo imagens e mais imagens, lendo matérias online em ‘real time’. O tempo inteiro entram nas milhões de caixas postais sejam estas jurídicas ou não, mensagens que expõem de forma nua e crua as empresas, os produtos, as pessoas.

É a hora da verdade, do que é real. É hora de voltar para a base, para o início, para o primeiro, para a origem. Para deste núcleo, se configurar e re-configurar quantas vezes for necessário para poder se apresentar. O projeto Essência Corporativa da Behavior nasceu da necessidade de ajudar as empresas a se relacionarem melhor e como conseqüência, contribuírem com um mundo melhor. O primeiro passo para se relacionar melhor com outro é se conhecer. Sua metodologia é singela, consiste basicamente em ouvir e observar. Ouvir o profissional, o dono, o operário, o presidente e ir além desses papéis. Ouvir também o ser humano e entender porque ele se encontra onde está. Compreender o significado da empresa na sua vida e carreira. Observar o ambiente, a dinâmica e as regras estabelecidas, sejam estas formais ou não. Depois é alinhavar, costurar e quando necessário deslindar. É um serviço de humano para humano, porque a final de contas, as empresas só existem pelo e para o humano.

Anos atrás quando a era digital começava a se tornar realidade, os alarmistas de plantão, diziam que as pessoas não teriam mais rostos, que os relacionamentos pessoais iriam acabar, que anônimos usariam a internet para se manifestar e avatares seriam usados para ser o que não se é. Que o mundo seria assim de ali para frente. Mas eles esqueceram a capacidade do ser humano de reagir, resgatar o que lhe é importante e adaptá-lo ao seu novo mundo. Muito graças a esse anonimato, aos pretensos e ao fake o mundo está pedindo posicionamentos e líderes com rostos. A comemoração no mundo todo da vitória de Barack Obama na eleição norte-americana, é um recado claro e marcante. Estamos no tempo de retornar a nossa base, realinhar-nos com a nossa própria origem, reconhecer o nosso propósito profundo de existência e sermos poderosos ao assumir nossa Essência. Isto tanto no plano empresarial, profissional como no pessoal; afinal independente de nossos papéis sociais, é bom lembrar que nós somos Um.

(texto publicado originalmente no encarte R.epensadores da revista Think&Love).