domingo, 11 de abril de 2010

Mandela e o jantar ao fracasso


Assistir Invictus me fez refletir sobre meu conceito de sucesso e fracasso. Por ignorância tinha comigo que o governo de Mandela tinha sido um fracasso. Depois do filme entendi que estava totalmente enganada. Só ele ter sobrevivido à prisão e ter conseguido ganhar as eleições num país com profundas crenças racistas já era de por si uma fabulosa vitória. A figura dele como presidente durante o tempo que permaneceu no poder ajudou, sem dúvida, a diminuir a xenofobia na África do Sul, embora crenças dessa natureza leve gerações para se dissolver.

Então porque tinha a impressão do fracasso? Em primeiro lugar porque pouco me inteirei sobre o assunto, na época tão distante para mim. Segundo porque as premissas que me levaram a julgar como fracasso sua gestão, têm a ver com aquelas comuns aos governos: resultado econômico, imagem no exterior e índices de popularidade. Independente da validade desses índices, vale refletir sobre a origem dos mesmos.

Creio que estamos num momento histórico, uma ‘janela de oportunidades’, como tanto está se falando, com quebras profundas de paradigmas, mas continuamos a usar os modelos antigos para julgar e avaliar. Ou seja, muitas vezes o fato da pessoa não estar na mídia, não brilhar nos eventos ou ganhar prêmios e talvez como conseqüência disso, não ser ou deixar de ser considerada ‘elite’, nos leve a julgá-la como fracassada, mesmo que esse ‘fracasso’ seja oriundo da ousadia de sair do status quo vigente.

Por outro lado, estas pessoas estão sendo cada vez mais. Estão criando uma própria identidade, sem grandes revoluções contra o status quo, sem guerra. Mas simplesmente pela opção pacífica de querer viver o mundo de forma diferente. Crer e fazer um mundo mais humano. Onde o fracasso faz parte e é acolhido como etapa do crescimento.

Lembro de jantar que meu marido decidiu oferecer ao seu filho caçula em dezembro, após ter a confirmação de não ter passado em nenhum vestibular que postulou. Fomos a um restaurante especial para ‘comemorar’ o seu primeiro fracasso, que como ele mesmo disse no brinde, provavelmente o primeiro de muitos ao longo da vida. E esse voto, por mais estranho que soe, referia-se ao fracasso oriundo da ousadia, do aprendizado que leva ao crescimento. Também fizemos a reflexão sobre o que gerou o fracasso no vestibular para evitá-lo no futuro.

Hoje, cada vez que alguém conhecido ganha um prêmio, óbvio que parabenizo, é sempre maravilhoso ser premiado e mais ainda por uma entidade renomada. Mas lembro também de parabenizar meus amigos que não ganham prêmio nenhum, mas que estão obtendo suas vitórias, out of the scene (post 27/03/09).

Para todos nós que estamos tentando fazer um mundo diferente lembro do texto criado há muitos anos pelo meu amigo José Oliva, Pessoas são Música na qual ele disse no final: “pessoas têm que fazer sucesso. Mesmo que não estejam nas paradas, mesmo que não toquem no rádio.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Saudades do Rolim

Ontem recebi da TAM o email ao lado que traz o título de "Nossa maior satisfação é ter você voando com a gente" e no seu conteúdo me comunica que sofri um downgrade no programa de fidelidade deles. Segundo o texto não atingi as 48 mil milhas necessárias no ano de 2009 para manter a categoria vermelha. Considero essa regra justa e correta. De fato dividi com outras companhias os meus vôos, muito em função de melhores ofertas e fastio com algumas dificuldades impostas pela TAM com por exemplo exigir ir à loja na troca de vôo e o seu site que costuma travar, dar problema. Na correria do dia-a-dia um atendimento eletrônico ágil para mim faz toda a diferença.


Mesmo chateada com a companhia, como disse, considero justa a resolução dela. O que considero lamentável é a forma de realizar isso e o comportamento e a atitude que entrevejo estarem por trás dela. O ano passado o Smile me enviou alguns emails me animando a acumular mais pontos na companhia para conseguir upgrade. Seus emails surtiram o efeito desejado e comecei a optar mais por voar com a Gol. 


A TAM em contrapartida não me enviou nenhum email 'lembrando' da data limite para acúmulo de milhas. Não mostrou nenhum interesse em me manter como cliente 'vermelha' que na linguagem deles, significa 'especial'. Soube que fui rebaixada quando tentei entrar numa sala VIP e meu acesso foi negado. Logo quando abri minha caixa postal estava lá o email datado em 01 de abril para me avisar que 'a partir de abril' estaria sendo rebaixada.


Legal, né? Qual vocês acham que foi a atitude que rege essa forma de agir?


Soa até cômico o final do email com a frase "você é muito importante para nós, e nosso desejo é continuar fazendo parte de sua vida" com a assinatura do Libano Barroso, atual presidente da companhia. Nada mais inconsistente.


Pena que o etos do Comandante Rolim esteja tão, mas tão longe da empresa que ele fundou.