Comecei a escrever este texto há uma semana atrás, mas viagens e confusões retardaram minha postagem. Isso de certa forma me ajudou a refletir mais sobre o assunto da postagem: a mentira inserida no nosso dia-a-dia.
Nas empresas que visito, o conceito de ‘verdade’ costuma aparecer na lista de valores que regem a corporação e para onde você olha, o desejo de verdade está latente, mas já tentou ser verdadeiro um dia inteiro, do início ao fim?
Se pararmos para observar – e eu o fiz nestes dias – reparamos que a mentira está, sorrateiramente, inserida ao longo do nosso dia praticamente desde que acordamos até que voltamos a deitar. Muitas vezes está na saudação que damos comentando como a pessoa está ‘linda’ embora tenhamos notado que ela não esteja bem. Está no gesto rápido que fazemos à nossa assistente para dizer que não estamos porque não queremos atender alguém. Está na desculpa esfarrapada que damos para não sair com alguém. Enfim um rosário de “mentiras lights”, como classificou uma amiga muito especial, que rezamos ao longo de cada santo dia.
Estou sendo muito radical? Ótimo se isso nos faz ir até a raiz da questão. Vamos usar a classificação da minha amiga imaginando que existem mentiras lights, mentiras médias e mentiras pesadas. O difícil será estipular os limites de cada classificação por envolver valores pessoais e sociais. Em muitos grupos sociais as mentiras lights serão consideradas cortesias e vistas de forma positiva porque facilitam a sociabilização. Por outro lado, acredito que as mentiras pesadas sejam mais fáceis de classificar por gerar conseqüências que promovem uma reprovação pela maioria das sociedades.
Mas indo para a raiz: não estamos, afinal, falando da mesma coisa: a mentira, que nada mais é do que a falta com a verdade? Para mim, a nossa tentativa, talvez latina, de relativizar tudo, e assim escolher o que melhor nos convém, tem nos levado a banalizar a mentira – a falta com a verdade – que nos permite aceitar cada vez mais mentiras a nossa volta, na nossa vida, no nosso mundo. Se isso for verdadeiro – e não mentira – isso significa que vivemos em um mundo faz de conta: o que as pessoas dizem pode não ser verdade, o que consideramos verdadeiro talvez não o seja. E eu me pergunto o quanto queremos viver na verdade?
Voltando a minha amiga, quando comentei o tópico desta postagem ela disse: “ai também é demais, se for para vivermos só na verdade dessa forma, então teremos que viver numa bolha”, fazendo referência à aceitação social da mentira. Correto, hoje teríamos que viver em uma bolha separados do ambiente social, mas não será o contrário: que a gente criou uma bolha que nos separa do que é real e verdadeiro?
Quando as empresas e pessoas pedem por mais verdade, elas estão pedindo exatamente o quê? O quanto cada um de nós consegue viver cada dia com mais verdade até nos pequenos gestos do dia-a-dia. Tai um grande desafio que pode ser a nossa contribuição real por um Mundo Melhor.
quarta-feira, 4 de julho de 2007
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário